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A Morte, sempre presente!


ideia da morte, medo da morte, quem é a morte para você

No aspecto biológico, tudo que jaz sobre a terra é reciclado e renasce em nova vida. No sentido espiritual, a morte é uma passagem entre a virada de ciclos. Assim como o sol dorme para receber a Lua e recomeçar o novo dia, morte e vida se complementam em constante dança circular. Sempre que fechamos um ciclo, nos abrimos para o próximo, e assim, a vida não pára! E para atrair o novo, em quaisquer área da vida, há que antes morrer, aprender a lição e fazer diferente, desapegar com amor e gratidão!

O reconhecimento da imperatividade dos ciclos da natureza e a compreensão metafórica da vida humana a partir do entendimento desses ciclos de morte e e renascimento são heranças de conhecimentos ocultos em diferentes culturas ancestrais que nos orientam em como trilhar esta jornada de evolução na terra.

Não é casual haver tantos Deuses e Deusas e entidades e mitos relacionados à Morte em tantas culturas antigas. Por mais que nossa sociedade atual tema a passagem para o undo desconhecido e imaterial, a Morte, sempre está presente. Isto é um fato, é natural assim como nascer, respirar, dançar e alimentar-se! Ela brota do escuro porque aí a colocamos, na intenção ingênua de esquecer que ela é viva tanto quanto nossos passos. Ela vive no escuro da consciência, onde se fertilizam as sementes de luz de nossos aprendizados da mesma forma como o útero guarda e cultiva a informação da nova vida que se forma.

No texto a seguir estão relacionados alguns exemplos arquetípicos da Morte, que existem no conhecimento coletivo humano que, através das lendas, histórias e até mesmo presença como força natural – depende do quanto é sensível e aberto para aprender através das manifestações da natureza, nos ensinam a navegar nesta vida. Por meio dos arquétipos e das histórias em que eles se manifestam temos uma referência para nos autoconhecer, percebendo nossas emoções, tendências inconscientes perversas e negativas, como também o vislumbre dos caminhos a serem percorridos internamente para evoluirmos e iluminarmos.

A Morte para Egípcios

Deus Egípicio Anubis zelando a morte

Uma das civilizações mais antigas, a Egípcia, nos ensina sobre Anúbis, conhecido como o Deus da morte e é a mais antiga e popular das divindades egípcias. Os antigos egípcios reverenciavam e adoravam Anúbis porque acreditavam que ele tinha um tremendo poder sobre os seres físicos, bem como os espirituais quando morreriam.

Esta Deidade costumava ser desenhada como um homem com cabeça de cachorro ou como um cachorro e sua pele sempre pintada de negro, interessantemente porque esta é não somente a cor que representa a morte, mas também a cor do Rio Nilo e das terras férteis. A dualidade entre morte e vida sempre esteve presente nas culturas antigas.

A Morte para Gregos

Na mitologia Grega, o Deus da Morte é chamado de Hades e ele rege a carta da Morte no Tarot Clássico. Hades é considerado o amigo invisível durante toda a vida, conhecedor de todos os segredos humanos e a quem deve-se explicações após a morte. Através dos olhos de Hades a vida é encarada como um desfilar de mortes, a começar pela partida do aconchego do útero materno para enfrentar a dura existência física. Da mesma forma que jamais retornamos à vida intrauterina, a infância morre para dar alugar ao desabrochar sexual, e quando atinge sua maturidade, a juventude se vai abrindo espaço para novas fases da vida que se sucedem até a morte física.

A carta da Morte quando surge em um jogo de Tarot está anunciando o mergulho no escuro e abandono de uma vida, uma história, um hábito ou um padrão anterior para preparar para o futuro próximo e desconhecido.

A Morte antes da Idade Média

Deusa Celta Morgana

Morgana é uma famosa deusa Celta que sobreviveu no imaginário humano através dos tempos. O significado de seu nome tem diferentes vertentes segundo pesquisadores e tanto pode ser Rainha das trevas como Grande Rainha e aparecia na mitologia, lenda e literatura com diferentes personalidades. Ela foi considerada a Deusa da guerra por proteger e dar coragem aos guerreiros e também retratada na mitologia Grega como uma maga poderosa que atuava no ritual de Samhaim (nome celta original do Haloween) abrindo as portas do mundo dos mortos. Ainda foi representada sendo uma deusa tríplice, como Três irmães que se complementam, assim como as três fases visíveis da lua, e a tríade da criação. Morgana, em quaisquer de seus aspectos evoca força e coragem ao mesmo tempo em que pode acionar o medo da morte e da batalha, tão dual como a própria vida.

A Morte para Africanos, voltando-se às nossas origens

Orixá Obaluaê ou Omolu

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Na cultura Yorubá, fonte originária das religiões afrobrasileiras também encontramos Deuses da Morte. Obaluaê ou Omolu, é o Orixá responsável pela Terra e está ligado portanto à morte, às doenças graves e também à cura, através da morte e renascimento.

Exu, um Orixá temido pelos ignorantes de sua contribuição para a evolução humana, é o Guardião dos Portais do inframundo, mantendo lá as almas escuras e protegendo a terra de suas interferências. Ele lida com energias densas e para isso carrega muito amor e devoção, que é percebido como proteção e coragem por quem por ele é acompanhado.

A morte é tão importante que nesta linha mitológica espiritual há ainda mais dois Orixás relacionados com os ciclos de morte e renascimento. Trazendo o aspecto feminino dessa transição, há Nanã que é a mais antiga dos Orixás, pois habita as águas profundas e portanto acompanhou toda a evolução da vida na terra, sendo a guardiã das memórias e da sabedoria. Aliás, é através dos ciclos que vamos aprendendo, deixando o que não funcionou para trás para aprender novos caminhos. Nanã é aquela que já viu de tudo e por isso sabe nos orientar.

E do fim recomeça o novo e a Deusa dos Mares, reverenciada e amada pelo brasileiros, Yemanjá é a mãe aos mesmo tempo amorosa que abençoa os nascimentos, os viajantes aventureiros em busca de novidade, como também furiosa que limpa e leva embora aquilo que não serve carregar pelas ondas do mar da vida!

A Morte na Índia

Deusa indiana  Kali da destruição e recriação

Semelhante a Yemanjá encontramos Kali, uma das Deusas Indus mais reverenciadas e respeitadas na Índia. Ela é considerada a Deusa da destruição e do renascimento, sendo ao mesmo tempo feroz e intensa quanto doce e amorosa. Esta sua característica lhe permite ter a força e coragem suficientes para encerrar ciclos desgastados e adormecidos para ressurgir a força criativa e retomar o movimento da vida. Na índia, durante o período de celebração de Kali, os devotos aproveitam para tomar consciência de tudo que não que não está mais saudável sustentar em suas vidas e cantam e rezam a Kali para ajudar-lhes na transformação. Muitas vezes é necessário mesmo morrer para recomeçar algo diferente.

Você tem medo da morte?

Se a resposta é afirmativa, observe o quanto deseja a vida ou o quanto a ela resiste. Perceba o quanto é receptivo a vasculhar os porões escuros das suas emoções ou os arquivos mortos do inconsciente. O quanto tem medo do escuro? O quanto mergulha em suas profundezas para lapidar suas pedras preciosas?

Quem a morte teme, a vida evita, pois esta brota do escuro, do oculto, do silêncio. De onde vem as inspirações criativas, senão do mundo oculto, imaterial, abstrato como o mundo metafórico dos morto?

De onde nascem os bebês senão do escuro do útero?

Quem a morte aceita, o novo lhe é próspero e abundante! Pois a morte das velhas crenças é amiga das novas experiências!

Reverenciar a morte é reverenciar antepassados que nos herdaram em suas histórias gravadas em seu código genético tudo que precisamos superar para evoluirmos e todas as virtudes, qualidades e forças que precisamos nesta travessia evolutiva.

Para finalizar, um singelo poema! A morte, sempre presente!

Na sabedoria da incerteza, a dor da perda conhecida é irrelevante

frente ao êxito do renascimento constante!

A vida flui ininterruptamente em movimento contínuo e inédito.

Quem pode conter o nascimento do sol?

E a lua, quando vira, vira. E carrega as marés.

O movimento é constante e o céu é sempre diferente.

A mutação é a própria vida, que evolui brindando aprendizagens.

A cada passo do caminho uma lição, a cada lição uma morte de algo que era pensado ser sabido.

A evolução pressupõe crescimento,

Conhecimento expande Consciências

Consciências expandidas navegam o desconhecido incerto das possibilidades infinitas.

O apego à identificação passada gera sofrimento

Quando entendemos e aceitamos a morte

aprendemos a viver e fluir na verdade

e trocamos lágrimas por agradecimentos!

A morte, sempre presente!

Quem chora o por do sol, não celebra a noite.

Quem na noite permanece, não irradia sua Aurora!”

Natashia Moraes

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