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A maternidade como caminho espiritual e a cura da criança interior através dos filhos


A maternidade é a oportunidade de desvelar nossa sombra e evoluir.

A partir da concepção um fenômeno mágico se desenvolve, dois seres passam a compartilhar o mesmo corpo material. O resultado desta intimidade profunda é a fusão emocional e psicológica entre mamãe e bebê, que cria o laço mais forte que existe nas relações humanas. Também explica o estado de loucura em que as mulheres se encontram no pós-parto, quando passam a ser dois corpos separados, porém, unificados emocionalmente.

Esta fase é, para quase todas as mães, tão encantadora quanto desafiante (ou em diferentes proporções). Estando conscientes deste fenômeno e entendendo a vida como uma jornada autoevolutiva, podemos perceber a riqueza que é a maternidade para nosso crescimento espiritual.

Estando mamãe e bebê fusionados, tudo que um vivencia emocionalmente é simultaneamente sentido pelo outro como se fosse seu. Os bebês, por não possuírem ainda barreiras do ego, expressam, com liberdade, tudo que percebem em seu sistema, sendo seu ou de sua mãe. Assim, pensamentos, sentimentos, percepções ambientais sutis, tudo que a mulher omite para ou desconhece de si própria é expressado pelo seu bebê. O bebê passa a ser o primeiro espelho cristalino de sua mãe que, estando consciente, tem a oportunidade de se ver por dentro e transformar a si mesma para fornecer a paz e o equilíbrio a seu bebê.

Por experiência própria tenho muitos exemplos desta dinâmica vivenciados. Quantas vezes meu bebê chorava desesperadamente sem nada o acalmar. Quantas vezes julguei meu bebê como hiperativo, excessivamente sensível, muito difícil, escandaloso, irritável e por aí se estende coleções de adjetivos... quando, ele era inconsolável porque, na verdade, as dores que chorava eram as minhas.

Lembro que assim que pari, tudo se transformou, toda a realeza que meus hormônios da gestação me permitiam sentir e emanar, de repente, foram substituídos por uma fragilidade infinita, como se tivesse sido atropelada por uma nave espacial. Em meu caso, a maternidade foi um susto esperado. Um susto porque não havia sido programada, mas esperada porque intuitivamente já sabia que o fruto da imensa paixão que experimentava em algum momento ia se materializar. Mesmo estando apaixonadamente querendo engravidar aos 30 anos, até então, apenas a ideia da maternidade me provocava pavor, pânico, sufocamento, privação de liberdade e medo, muito medo.

Mais tarde saberia que toda aquela lista de emoções era possíveis reações de uma criança ferida que não fora suficientemente acolhida e sustentada. A maternidade, pois, foi para mim, e assim é, consciente ou não, para todas nós mulheres, a regressão em tempo real à minha infância. Se parar para observar, a maioria das mulheres que receberam suficiente carinho, cuidado, atenção, colo, escuta etc , se tornam mães menos reativas. E o contrário, o contrário. Como meu caso.

A ideia não é oferecer um lenço para enxugar lágrimas, senão o relato individual que se repete em tantas famílias e que seguirá se reproduzindo até que tomemos consciência do significado espiritual que traz a maternidade como experiência e, conscientemente, dissolver os nós do passado, substituindo em nossas crianças a dor pela criatividade!

Pois bem, durante os 4 primeiros anos da minha filha revivi minha primeira infância e reproduzi todos os padrões emocionais da minha mãe. Pude reconhecê-los nas próprias reações de minha filha, que muitas vezes me levava à loucura. Não fosse meu empenho em ser mãe consciente e dedicada ao meu autoconhecimento e crescimento espiritual, teria de fato enlouquecido. Fato é que a partir do espelho que tinha, pouco a pouco pude reconhecendo as memórias doloridas do passado refletidas nela e assim tomando consciência e me acolhendo. Pude acalentar minha criança, ao mesmo tempo que a tomava no colo.

Vejo hoje o resultado. Eu e minha filha somos companheiras de vida, na qual compartilhamos parte da jornada. É minha maior mestra que me mostra, como um termômetro, todos os botões que ainda tenho para apertar, os nós a soltar e a habilidades a amadurecer. A maternidade é, para mim uma grande escola de Maestria em viver e ser, em amar incondicionalmente e autoaperfeiçoamento constante, sem descanso!

Leituras que me inspiraram durante meus primeiros anos como mãe e que recomendo a todas:

-Laura Gutman. Maternidade, o encontro com a própria sombra.

- Laura Gutman. Crianza.

- Carlos Gonzalves. Un regalo para toda la vida.

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